Não tem jeito.
Traficantes são chamados de "garotos". Bolsonaro aglomera, não usa máscara e prossegue em suas ameaças golpistas. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, participa de uma roda muvucada de samba e, sem máscara, canta a plenos pulmões. Em meio a quase 450.000 mortos pela peste, as festas continuam. Aplicações de vacinas são interrompidas por falta das mesmas. Os "representantes de Deus na Terra" são flagrados em seus desmandos abomináveis e os fiéis dão as costas aos fatos, fingindo não percebê-los. Emoldurando o quadro dantesco, os bons e os cristãos atracados com a Bíblia Sagrada, diante de todos esses péssimos exemplos, por medo, ou por indiferença, escondem a indignação e exercem, democraticamente, seus silêncios sepulcrais. Portanto, não tem jeito. Portanto, tolo sou eu que me amarguro diante de tudo isso. Portanto, como se diz na gíria dos grotescos como eu, "que se foda o avião". A propósito, grotesco, sim. Mas sem jamais perder a indignação que, quando extinta, representa o extravio da alma. Não tendo jeito, jeito não tem. Fui.
10/05/2021
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